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sábado, 14 de agosto de 2010

Os dez fatores da vida

Dez Fatores da Vida (junyoze)

(Brasil Seikyo, edição nº 1711, 16/08/2003, página A5.)

1) Quando recitamos o Gongyo, repetimos três vezes o trecho final do capítulo Hoben — “Sho-i-sho-ho. Nyo-ze-so. Nyo-ze-sho... Nyo-ze-hon-ma-ku-kyo-to” —, por quê?

Nesse trecho, o Buda Sakyamuni expõe “a essência real de todos os fenômenos” e os “Dez Fatores da Vida” (junyoze). Podemos dizer que essa é a parte mais importante do capítulo Hoben (Meios) do Sutra de Lótus, e explica que todos os fenômenos e toda a vida existente no Universo manifestam os Dez Fatores, que são: 1) Aparência (Nyo-ze-so), 2) Natureza (Nyo-ze-sho), 3) Entidade (Nyo-ze-tai), 4) Poder (Nyo-ze-riki), 5) Influência (Nyo-ze-sa), 6) Causa interna (Nyo-ze-in), 7) Relação (Nyo-ze-en), 8) Efeito latente (Nyo-ze-ka), 9) Efeito manifesto (Nyo-ze-ho) e 10) Consistência do início ao fim (Nyo-ze-hon-ma-ku-kyo-to). O fato de recitarmos três vezes está baseado em uma declaração do Buda Original na escritura “A Doutrina de Itinen Sanzen”, conforme explana o presidente Ikeda na Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo (pág. 129). Ler os Dez Fatores três vezes significa manifestar as três verdades da não-substancialidade, da existência temporária e do Caminho Médio em nossa vida. Significa também manifestar as três propriedades iluminadas do Buda, isto é, a propriedade da Lei, da Sabedoria e da Benevolência. Além disso, Nitiren Daishonin declarou: “Há maior benefício em ler três vezes (essa passagem).” O presidente Ikeda complementa então na Preleção: “Em síntese, lemos o trecho três vezes para proclamar que nossa vida é a de um nobre Buda e para aumentar os benefícios da fé.”

2) Poderia explicar melhor cada um dos dez fatores?

A aparência, a natureza e a entidade descrevem a composição essencial de todos os fenômenos da vida do ponto de vista estático. Resumidamente, a “aparência” indica os atributos externos da vida que podemos perceber ou observar, tais como a cor e a forma. A “natureza” se refere ao aspecto espiritual da vida, isto é, às características que não podem ser vistas externamente, como a mente e a consciência. A “entidade” é a essência da vida que permeia e integra a “aparência” e a “natureza”.

Já o poder, a influência, a causa interna, a relação, o efeito latente e o efeito manifesto analisam o modo como operam todos os fenômenos, ou seja, explicam as ações e funções da vida do ponto de vista dinâmico. O “poder” indica a capacidade de agir ou a energia inerente que todos possuem. A “influência” é a ação dirigida ao exterior. A “causa interna” é a causa direta, inerente à vida, que produz um efeito correspondente. A “relação”, também chamada de “causa externa”, indica as diversas condições indiretas que ativam a causa interna para produzir seus efeitos. Assim, quando a “causa interna” é submetida a condições propícias da “relação”, produz efeitos nas profundezas da vida. Esses efeitos correspondem ao “efeito latente”. O “efeito manifesto” é a manifestação em forma de resultado concreto e perceptível do “efeito latente”. E, finalmente, a “consistência do início ao fim” indica a perfeita integração ou a coerência que existe entre esses nove fatores em cada momento da vida.

3) Todas as pessoas possuem os Dez Fatores da Vida?

Todos nós, sem exceção, vivemos dentro da estrutura dos Dez Fatores da Vida. Ninguém poderia dizer que não possui “aparência”, pois se assim fosse, estaríamos diante de uma pessoa invisível. Da mesma forma, ninguém poderia afirmar não ter personalidade, nem energia, ou que não desempenha nenhuma atividade, por menor que seja. Tampouco poderia existir uma situação em que a “aparência” correspondesse a uma pessoa, a “natureza” a outra e a “entidade” a uma terceira pessoa, pois há uma consistência entre todos esses fatores que juntos formam a totalidade de cada indivíduo.

4) Os Dez Fatores se aplicam somente aos seres humanos?

Não. As flores, por exemplo, possuem “aparência”, “natureza” e “entidade” da beleza; “poder”, “influência”, “causa interna”, “relação”, “efeito latente”, “efeito manifesto” e também a ‘consistência do início ao fim’, pois todos esses fatores estão integrados de forma coerente com a vida de uma flor. Até mesmo a objetos sem vida, como a rocha, o céu, a Lua, as estrelas, o Sol, as casas, os carros, os móveis e os utensílios, pode-se aplicar este conceito. Conforme explanação do presidente Ikeda na Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, a “Essência Real dos Dez Fatores” existe no ambiente (sociedade), da mesma forma que ocorre em nossa vida e em nosso dia-a-dia. Enfim, os Dez Fatores descrevem a composição de todas as formas de vida e fenômenos existentes no Universo.

5) Como podemos, então, aplicar o conceito da “Essência Real dos Dez Fatores” na vida diária?

Na Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, o presidente Ikeda escreve: “Muitos fatos ocorrem sucessivamente no curso da vida. Há sofrimentos e alegrias, ventos favoráveis e desfavoráveis. Todos esses fenômenos oferecem oportunidades para fazermos brilhar em nossa vida a ‘essência real’ do estado de Buda. Podemos usar tudo o que nos ocorre para expandir nossa felicidade. Isso é o que significa conduzir uma vida iluminada pela sabedoria da ‘Essência Real de Todos os Fenômenos’.”

Diariamente, ao realizarmos o Gongyo, recitando o trecho do capítulo Hoben — “Sho-i-sho-ho... Nyo-ze-hon-maku-kyo-to — estamos louvando a natureza do Buda inerente em nossa vida, assim como na de todas as outras pessoas. Portanto, com a plena convicção de que possuímos esse infinito potencial inerente, vamos nos esforçar para manifestá-lo, superando todos os tipos de circunstâncias. O presidente Ikeda traduz esta mensagem do capítulo Hoben em uma única frase: “Faça com que o Sol do estado de Buda desponte em seu coração.”

Fontes de consulta: Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, págs. 118-136. Terceira Civilização, edição no 320, abril de 1995, págs. 22-23. Brasil Seikyo, edição no 1.352, 27 de janeiro de 1996, págs. 3-4.

Três mil mundos num único momento de vida

Três mil mundos num único momento da vida (itinen sanzen)

1) O que significa itinen sanzen?

A palavra “itinen”, geralmente traduzida como “um único momento da vida” ou “uma existência momentânea da vida”, significa também “uma única mente”, ou “único pensamento”. “Sanzen”, ou literalmente “três mil”, é indicativo de “três mil mundos” ou “três mil domínios”. Assim, itinen sanzen é um princípio filosófico que elucida a vida como uma entidade que contém três mil mundos ou domínios em um único momento. Esse princípio foi estabelecido por Tient’ai, da China, em sua obra Grande Concentração e Discernimento (Maka Shikan), tendo como base a “essência real de todos os fenômenos” contida no capítulo Meios (Hoben) do Sutra de Lótus. O número “três mil” é resultado do seguinte cálculo: 10 (Dez Mundos, ou Dez Estados de Vida) X 10 (Dez Mundos) X 10 (Dez Fatores) X 3 (Três Domínios da Existência, ou Três Princípios da Individualização). A qualquer momento, a vida manifesta os Dez Mundos, e cada um deles possui o potencial para todos os outros estados, formando a Possessão Mútua dos Dez Mundos, ou seja, 100 (10x10) mundos. Cada um dos cem mundos possui os Dez Fatores, o que leva a um total de 1.000 fatores potenciais que podem operar em um dos Três Domínios da Existência, totalizando 3.000 mundos ou domínios. Na escritura “O objeto de devoção para a observação da mente”, Nitiren Daishonin escreveu: “No 5o volume do Maka Shikan consta: ‘Uma única entidade de vida está dotada com os Dez Mundos. Cada um dos Dez Mundos está, ao mesmo tempo, dotado com todos os outros, de modo que uma entidade de vida, na realidade, contém uma centena de mundos. Cada um destes mundos, por sua vez, contém trinta domínios, que significa que em uma centena de mundos, há três mil mundos. Os três mil domínios da existência estão todos contidos numa única entidade de vida. Se não há vida, não há domínios, mas, se há vida, ela contém todos os três mil domínios... Ninguém pode compreender a vida sozinha. O ensino último de Tient’ai é para revelar a vida.’”

2) Para entender melhor, quais são os vários princípios contidos no itinen sanzen?

Os Dez Estados de Vida, ou Dez Mundos, são: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Estado de Buda. Cada um dos Dez Estados, por sua vez, possui os Dez Estados, constituindo a Possessão Mútua dos Dez Mundos. Em um outro trecho da escritura “O objeto de devoção para a observação da mente”, Nitiren Daishonin afirma: “Quando observamos uma outra pessoa, percebemos que está alegre em um momento e irada no seguinte, calma numa ocasião e avarenta em outra, tola às vezes e perversa em outras. Estar irado é Inferno, estar avarento é Fome, ser tolo é Animalidade, ser perverso é Ira, estar contente é Alegria e estar calmo é Tranqüilidade. Estes mundos, os Seis Caminhos, são claros em sua aparência física. Olhar mais intimamente é também descobrir os remanescentes Quatro Nobres Mundos, mesmo que estejam dormentes.”

3) Quais são os Dez Fatores da Vida?

Os Dez Fatores manifestam-se em qualquer um dos Dez Mundos e são: aparência (nyo ze so), natureza (nyo ze sho), entidade (nyo ze tai), poder (nyo ze riki), influência (nyo ze sa), causa interna (nyo ze in), relação (nyo ze en), efeito latente (nyo ze ka), efeito manifesto (nyo ze ho) e consistência do início ao fim (nyo ze honmatsu kukyoto).

Na Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, o presidente Ikeda explana: “Sua própria existência é um ‘fenômeno’. Suas feições fisionômicas, postura e assim por diante constituem a ‘aparência’ do ‘fenômeno’ que é sua vida. Além disso, o que existe em seu coração, embora invisível aos olhos, tais como traços de sua personalidade — tolerância, impaciência, gentileza e discrição — ou os vários aspectos de seu temperamento, constituem sua ‘natureza’ (nyo ze sho). Sua totalidade física e espiritual, ou seja, sua ‘aparência’ (nyo ze so) e sua ‘natureza’ (nyo ze sho) juntas formam sua ‘entidade’ (nyo ze tai), a pessoa que você é. Da mesma forma, sua vida tem várias energias (‘poder’), e elas produzem várias ações externas (‘influência’). Além disso, sua própria vida passa a ser uma causa (‘causa interna’) que, ativada por condições internas e externas (‘relação’), gera mudanças em si mesma (‘efeito latente’), e em seu devido momento esses efeitos latentes manifestam-se de forma concreta (‘efeito manifesto’). Esses nove fatores também ligam sua vida e seu ambiente sem nenhuma omissão nem inconsistência (‘consistência do início ao fim’). Esse é o verdadeiro aspecto dos Dez Fatores de sua vida.” (Pág. 119.)

4) Quais são os Três Princípios de Individualização da Vida?

Os Três Princípios de Individualização da Vida, ou Três Domínios da Existência, são:

1) Domínio dos cinco componentes da vida:

· Forma: Indica o aspecto da vida, que possui atributos como forma e cor. Inclui também os órgãos dos cinco sentidos — visão, olfato, audição, paladar e tato — pelos quais percebemos o mundo exterior.

· Percepção: É a função de receber as informações externas pelos seis órgãos sensoriais — os cinco sentidos e a mente, que integram as impressões sensoriais.

· Concepção: Essa é a função pela qual a vida compreende e elabora idéias sobre aquilo que foi percebido.

· Volição: Significa a vontade de agir com relação àquilo que foi percebido e sobre o qual foi concebida uma idéia.

· Consciência: Essa é a função da vida de discernir fazendo avaliação, distinguir o bem do mal etc. Ao mesmo tempo, ela age para apoiar e integrar as demais quatro funções.

2) Domínio dos seres vivos ou ambiente social: Indica uma verdade comum de que vivemos nossa vida conjuntamente com outras pessoas, por exemplo nossa família.

3) Domínio do ambiente ou ambiente natural: Significa o lugar onde os seres vivos habitam (o espaço) e do qual dependem para resolver suas atividades vitais.

Os Três Domínios da Existência não devem ser vistos de uma forma isolada entre si, mas de forma integrada, os quais manifestam qualquer um dos Dez Mundos.

5) Como podemos relacionar nossa prática diária com o princípio de itinen sanzen?

Nossa condição de vida afeta nossa percepção do mundo e nossa ação em relação a ele. A prática do Gongyo e do Daimoku nos possibilita elevar essa condição e perceber a essência real dos fatos com sabedoria e coragem para agir diante das situações. Elevando nosso estado de vida, podemos sair do ciclo de sofrimento e de causas negativas e transformar nosso ambiente. Porém, como seres humanos, temos altos e baixos, motivo pelo qual devemos nos exercitar constantemente.

Todos nós somos Bodhisattvas da Terra que nascemos com a missão de propagar o budismo. Quando nos conscientizamos disso e direcionamos nosso itinen, isto é, nossa “mente única” em prol do grandioso ideal do Kossen-rufu, podemos criar uma condição de vida forte e inabalável.

Em uma orientação, o presidente Ikeda afirma: “O Grande Mestre Miao-lo da China disse estas palavras: ‘O corpo e a mente da pessoa permeiam todos os fenômenos num único momento.’ (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 366) Nossa vida está fundamentalmente em união com a própria vida do Universo. Todos os tesouros do Universo existem em cada pessoa; e cada pessoa é uma entidade infinitamente digna de respeito. Portanto, com nossa fé, podemos transformar a nós próprios e também nossa família, e podemos ainda mudar a comunidade em que vivemos, o país e o mundo inteiro, direcionando-os para a esperança, a paz e a felicidade. Essa é a prática do supremo princípio budista dos três mil mundos num único momento da vida. É uma batalha para elevar a vida de toda a humanidade.” (Brasil Seikyo, edição no 1.605, 26 de maio de 2001, pág. A3.)

Um exemplo concreto da extraordinária influência do forte itinen de uma pessoa foi demonstrado pelo próprio presidente Ikeda por ocasião de sua primeira viagem ao Brasil no ano de 1960, diante de sérias dificuldades e da saúde debilitada, descrito com as seguintes palavras na Nova Revolução Humana: “Contudo, eu irei. Existem companheiros que estão me aguardando. Jamais cancelaria a viagem sabendo que eles estão me esperando. O senhor sabe perfeitamente que o maior objetivo desta viagem é a visita ao Brasil. Chegamos até aqui exatamente para isso. Não podemos desistir na metade do caminho. Houve alguma vez em que o presidente Toda recuou em meio a uma luta? Eu sou discípulo do presidente Toda! Eu vou. Vou sem falta, custe o que custar! Se tiver de tombar, então tombarei em combate! Que desventura pode haver nisso?!” (Vol. 1, pág. 178.) Certamente, a determinação do presidente Ikeda naquele momento definiu a construção e o desenvolvimento da BSGI dos dias atuais.

6) Como podemos relacionar o princípio de itinen sanzen com o Gohonzon?

No trecho final da escritura “O Objeto de Devoção para a Observação da Mente”, Nitiren Daishonin afirma: “Demonstrando profunda compaixão pelos ignorantes da gema dos três mil mundos em uma existência momentânea da vida, o Buda colocou-a dentro dos cinco caracteres [do Myoho-rengue-kyo], com os quais adornou os pescoços dos que vivem nos Últimos Dias.”

O “Buda” mencionado nesta frase indica Nitiren Daishonin; os “cinco caracteres”, o objeto de devoção isto é, o Gohonzon; e a “gema”, o Nam-myoho-rengue-kyo, que é o próprio princípio dos três mil mundos num único momento da vida (itinen sanzen) em termos práticos. Portanto, Nitiren Daishonin inscreveu o Gohonzon para a salvação de todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei e incorporando esse princípio.



Possessão mútua dos dez estados de vida

Possessão Mútua dos Dez Estados (jikkai-gogu) - Conceitos gerais (1)

(Brasil Seikyo, edição nº 1621, 22/09/2001, página A6.)

O princípio de coexistência dos dez estados de vida, também conhecido como Possessão Mútua dos Dez Estados, esclarece a inter-relação entre esses estados. Literalmente significa que cada estado, desde o de Inferno até o estado de Buda, contém todos os dez estados.

Os sutras anteriores ao Sutra de Lótus sustentavam que os Dez Estados existiam independentemente entre si, considerando cada um deles como diferentes locais. Assim, por exemplo, considerava-se que o estado de Inferno situava-se a mil yujun sob a terra (um yujun é a distância que uma tropa de soldados avança num dia — aproximadamente 24 quilômetros), enquanto o estado de Fome situava-se a cinco mil yujun sob a terra. Já o estado de Alegria (ou o Céu) localizava-se num palácio em uma determinada montanha. Em contraste, o Sutra de Lótus negou a separação dos Dez Estados, expondo que todos se reúnem ao mesmo tempo. Além disso, expôs que todas as pessoas dos nove estados possuem a natureza de Buda na profundeza da vida e, portanto, todos possuem o potencial para atingir o Estado de Buda. Então, nos sutras anteriores ao Sutra de Lótus, os Dez Estados representavam diferentes locais, enquanto para o Sutra de Lótus passaram a representar os Dez Estados da Vida.

Na escritura “O Verdadeiro Objeto de Devoção”, Nitiren Daishonin declarou: “No quinto volume do Maka Shikan está dito que: ‘Uma única entidade de vida está dotada com os Dez Mundos. Cada um dos Dez Mundos está, ao mesmo tempo, dotado com todos os outros, de modo que uma entidade de vida na realidade contém uma centena de mundos.’” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 47.)

Assim, podemos entender que um determinado estado de vida coexiste com os demais estados na forma latente. Esta teoria confirma que os estados de vida não são condições estáticas, mas que um estado torna-se mais evidente do que outro de acordo com as causas externas que o motivaram, deixando os demais estados na condição não manifesta.

Enfim, o conceito de Possessão Mútua dos Dez Estados nos permite entender melhor o princípio dos Dez Estados de Vida, sob o ponto de vista de sua aplicação prática na vida diária

Aplicação prática na vida

Observando a vida de uma pessoa, é possível perceber seu estado de vida básico. Podemos dizer que a tendência habitual da vida das pessoas, assim como sua própria personalidade, foi desenvolvida pelas causas acumuladas até o presente.

O princípio de Possessão Mútua dos Dez Estados explica que todas as pessoas têm um estado de vida básico e que, embora manifestem outros estados de acordo com as circunstâncias, acabam retornando a esse estado básico. Por exemplo: uma pessoa cujo estado básico é o de Ira, mesmo que manifeste momentaneamente o de Bodhisattva, retornará rapidamente ao estado de Ira. A maneira como encaramos as situações e a forma como as resolvemos estão diretamente relacionadas a este estado básico de vida. Se a tendência de uma pessoa é o estado de Inferno, as ações para satisfazer os desejos individuais do estado de Fome serão condizentes com o baixo nível de vida do estado de Inferno. Agindo para satisfazer a fome dos desejos, suas ações podem chegar a ser tão negativas a ponto de agredir ou até tirar a vida de alguém. No entanto, se o estado básico é o de Buda, as ações para satisfazer os desejos do estado de Fome serão elevadas e positivas. Portanto, se o estado básico de vida é elevado, não importando quão negativa seja a condição, as ações também serão elevadas.

Mesmo quando tornamos o estado de Buda nossa tendência básica, ainda possuímos os outros estados e, naturalmente, continuamos a ter preocupações e sofrimentos. Porém, a esperança torna-se o alicerce de nossa vida e passamos a manifestar uma alegria inabalável. A prática diária do Gongyo e do Daimoku é o meio para se atingir esta condição.

Certa vez, o presidente Toda disse: “Mesmo ficando doente, devemos manter a atitude de que ‘Eu estou bem. Sei que se orar ao Gohonzon, vou melhorar.’ O fato de manifestar o estado de Buda não quer dizer que somos capazes de viver desfrutando uma completa paz espiritual? Sim, porém, como o estado de Buda contém os outros nove estados, em algumas ocasiões ainda podemos ficar irados. O fato de experimentarmos a paz espiritual não significa que eliminamos a ira, por exemplo. Uma preocupação continua sendo uma preocupação. Contudo, sentimos em nosso interior uma profunda paz espiritual. A pessoa que manifesta esta condição de vida pode ser chamada de Buda.” (Brasil Seikyo, edição no 1.515, 7 de julho de 1999, pág. 3.)

O Kossen-rufu é uma luta para tornar o estado de Buda a tendência básica da vida das pessoas. Fundamentalmente isso se resume em criar laços cada vez maiores de amizade e de companheirismo.

A importância maior do princípio de Possessão Mútua dos Dez Estados é esclarecer que todas as pessoas, mesmo as que se encontram predominantemente nos estados mais baixos, estão dotadas com a suprema condição de vida chamada estado de Buda. Portanto, mesmo que se encontre na mais terrível condição, possui inerentemente a possibilidade de manifestar o potencial do estado de Buda e alcançar a felicidade.



Os dez estados de vida ou os dez mundos

Os dez estados de vida ou os dez mundos

O budismo tem como foco principal a vida. A cada momento experimentamos alegrias e sofrimentos. Por essa razão o conceito dos Dez Mundos consiste num dos mais importantes princípios no budismo. Eles são interpretados como condições potenciais de vida inerentes a cada indivíduo. As mesmas condições experimentadas por uma pessoa numa situação constante de miséria podem ser uma fonte de desafio e satisfação para uma outra. Fortalecer nosso estado interior de forma a resistirmos e até mesmo transformarmos as condições mais difíceis e adversas é o propósito da prática budista.

COMENTAR:

“Os diversos estados de vida, ou reações da vida que se manifestam em resposta às ações externas, foram escalonados em dez categorias básicas: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda. Esses estados não são condições fixas em que uma pessoa terá de viver por toda sua existência, mas condições fundamentais que existem de forma latente na vida de todos, sejam budistas ou não. Os Dez Estados da Vida não se manifestam numa seqüência do mais baixo ao mais elevado, como se subíssemos uma escada. Em função dos fatores externos e de sua intensidade, subitamente, podemos sair do estado de Alegria para o estado de Inferno, por exemplo, ou vice-versa. Portanto, esses estados não são sentimentos meramente emocionais, espirituais ou físicos. Eles estão latentes na vida e manifestam-se no interior de uma pessoa como uma reação imediata e diretamente proporcional às influências externas, negativas ou positivas.”

Com base no Sutra de Lótus, Tient’ai, um erudito budista chinês do século VI, desenvolveu um conceito que classifica a experiência humana em dez estados, ou “mundos”. Seu ensino dos “Dez Mundos” foi adotado e aprofundado por Nitiren Daishonin que ressaltou a natureza subjetiva e interior desses mundos. Daishonin afirmou a esse respeito: “Considerando a questão de onde estão o Inferno e o Buda, um sutra diz que o Inferno está debaixo da terra, enquanto outro diz que o Buda está no oeste. Entretanto, um pensamento mais cuidadoso esclarecerá que ambos existem em nós próprios.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 413.)

COMENTAR: “Costuma-se também classificar os Dez Estados da Vida agrupando-os em função de suas características, conforme breve descrição a seguir: Três e Quatro Maus Caminhos: Os três estados inferiores — Inferno, Fome e Animalidade — são conhecidos como Três Maus Caminhos; e, juntamente com o estado de Ira, constituem os Quatro Maus Caminhos. São estados de vida que se caracterizam pelo sofrimento em conseqüência do mau carma acumulado pelas pessoas. Ciclo dos Seis Caminhos: Os seis estados constituídos pelos Quatro Maus Caminhos e acrescidos dos estados de Tranqüilidade e de Alegria formam o Ciclo dos Seis Caminhos. Na vida diária, as pessoas manifestam esses seis estados em função de influências externas e são arrastadas por elas, não conseguindo manter autocontrole sobre as circunstâncias de sua vida. Dois Veículos: São os estados de Erudição e de Absorção, nos quais as pessoas conquistam uma certa independência na vida por meio da percepção obtida da verdade parcial. Entretanto, as pessoas nos Dois Veículos ficam apegadas à percepção apenas para o bem de si mesma e não se dedicam à felicidade dos outros. Quatro Nobres Caminhos: Os Dois Veículos — Erudição e Absorção — acrescidos pelos estados de Bodhisattva e Buda, formam os Quatro Nobre Caminhos, que são os quatro estados de vida superiores. São condições de vida alcançadas pelos esforços desenvolvidos pelas próprias pessoas quando conseguem se libertar do domínio negativo.

Ordenados do menos ao mais desejável, os Dez Mundos são:

Infernouma condição de desespero na qual uma pessoa é completamente dominada pelo sofrimento;

COMENTAR: “É a condição de vida mais baixa dentre os dez estados. Nele, a pessoa vive em um sofrimento constante em que não tem forças para influenciar suas circunstâncias de vida, nem esperanças com relação ao futuro; não pode fazer nada do que gostaria, nem mesmo desabafar suas angústias.”

Fome uma condição de vida em que uma pessoa é dominada pelos desejos ilusórios que jamais podem ser satisfeitos;

COMENTAR: “É caracterizado pela obsessão de realizar os desejos e pela incapacidade de satisfazê-los. Nesse estado, as pessoas são completamente dominadas e controladas por desejos insaciáveis e terríveis insatisfações. São infelizes e impedidas de se desenvolverem e prosperarem.”

Animalidade — um estado instintivo no qual teme-se o forte e oprime-se o fraco;

COMENTAR: “É um estado de vida em que as pessoas são conduzidas unicamente pelos instintos, agem compulsivamente com irracionalidade e sem moralidade. O fundamental de suas ações é aproveitar-se dos mais fracos e bajular os mais fortes. As pessoas nesse estado perdem o sentido da razão e suas emoções são facilmente dominadas pelo medo e pela covardia. Além disso, não conseguem encontrar soluções nem esperanças e resignam-se diante do destino.”

Ira — um estado caracterizado por uma irresistível necessidade de superar e dominar outros e geralmente dissimulado por uma aparente bondade e sabedoria.

COMENTAR: “É o quarto estado de vida que, associado aos Três Maus Caminhos, formam os Quatro Maus Caminhos. Nesse estado, as pessoas possuem consciência de seus atos, embora embasadas em pontos de vista distorcidos do certo e do errado, enquanto nos Três Maus Caminhos elas não têm controle sobre a vida, pois são completamente dominadas pelos desejos. No estado de Ira, as pessoas preocupam-se única e exclusivamente consigo mesmas, com seus próprios benefícios, pouco se importando com os demais ou com seus pontos de vista. São conduzidas pelo egoísmo e pela ambição de ser superior, derrubando outras pessoas.”

Esses quatro estados são referidos como os Quatro Maus Caminhos por causa da negatividade destrutiva que os caracteriza.

COMENTAR: “As pessoas nesses quatro estados carecem de energia vital e não respeitam outros pontos de vista, procurando sempre satisfazer seus próprios desejos vorazes. São completamente destituídas de uma visão mais elevada, por isso, resolvem as questões à sua própria maneira, invariavelmente gerando mais causas negativas na vida que, por sua vez, resultam em efeitos negativos na forma de sofrimentos. Esse ciclo se repete constantemente, aprisionando a pessoa no seu mau carma. As pessoas que vivem nos Quatro Maus Caminhos não possuem uma visão de vida melhor. São conformistas por natureza e acham que a vida é somente da forma como vivem. Por isso, mergulhadas no egoísmo, são destituídas de qualquer sentimento altruísta de contribuir de alguma forma para a felicidade de outros.

Além desses, ainda há:

o estado de Tranqüilidade, caracterizado pela capacidade de raciocínio e de fazer julgamentos. Apesar de ser uma condição de vida básica que nos identifica como seres humanos, pode também representar um frágil equilíbrio que leva uma pessoa a um estado inferior quando confrontada com situações negativas;

COMENTAR:” Os Quatro Maus Caminhos acrescidos dos estados de Tranqüilidade e Alegria constituem os Seis Caminhos, que se caracterizam basicamente pela busca da satisfação dos desejos pessoais. Tranqüilidade: É uma condição em que a pessoa pode controlar temporariamente seus impulsos e desejos com a razão. Assim, passa a ter a vida tranqüila e em harmonia com o ambiente em que vive. Não considera os problemas como ameaça a sua aparente estabilidade. As energias da vida estão sob considerável controle, imbuídas do desejo de viver em meio à afeição de parentes e amigos e em paz com seus próprios conceitos de moral e ética. Porém, pode cair instantaneamente nos “Três ou Quatro Maus Caminhos” pelo mais leve desvio ocorrido em suas circunstâncias de vida. De toda forma, Tranqüilidade é o estado normal dos seres humanos e é conhecido também como o estado de Humanidade.”

e o estado de Alegria, experimentado geralmente quando os desejos são satisfeitos ou quando os sofrimentos são amenizados.

COMENTAR: ”Alegria: É uma condição de vida de contentamento que se origina da concretização dos desejos e da solução dos problemas. Portanto, é um estado comumente almejado pelas pessoas como sendo de plena felicidade. As situações da vida, tais como: aquisição de nova casa, ingresso em universidade, casamento, jantar em um restaurante de primeira categoria, aprovação em bom emprego, solução de um problema de saúde, e muitas outras, representam naturalmente um momento de muita felicidade. Porém, como este estado está diretamente associado a uma determinada realização, como por exemplo a conquista de um bem material ou posição social, a felicidade é apenas relativa. Em outras palavras, a alegria desse estado é efêmera e desaparece com o passar do tempo ou com a mudança das circunstâncias”.

Esses mundos são também classificados como os Seis Caminhos Inferiores. Todos eles dependem das circunstâncias externas para se manifestarem e por essa razão não podemos dizer que as pessoas nesses estados de vida desfrutam a verdadeira liberdade ou autonomia.

COMENTAR:” A maioria das pessoas encontra-se nos Seis Caminhos, vivendo de acordo com suas próprias visões de vida. Não conseguem cultivar a benevolência de lutar pelo bem de outras e não possuem consciência da missão essencial como ser humano. Como cada um desses seis estados manifesta-se de acordo com as causas externas, as pessoas vivem aprisionadas e em completa dependência das circunstâncias. Essa é a característica principal dos Seis Caminhos. São estados em que as pessoas são arrastadas exclusivamente pelas influências externas, ficando privadas da liberdade de manter autocontrole sobre as circunstâncias de sua vida. Por esta razão, costuma-se dizer que as pessoas vivem diariamente nos Seis Caminhos.”

O mundo de Erudição descreve uma condição de aspiração à iluminação. O mundo de Absorção indica a capacidade de perceber por si só a verdadeira natureza de todos os fenômenos. Juntos, eles são conhecidos como Dois Veículos. As pessoas que manifestam esses dois estados são parcialmente iluminadas e estão livres de alguns desejos ilusórios. Mas aqueles que se encontram nesses mundos podem ficar presas às suas visões e em alguns textos budistas o Buda adverte as pessoas dos Dois Veículos por seu egoísmo.

COMENTAR:” Os quatro estados de vida mais elevados — Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda — formam os “Quatro Nobres Caminhos”. Erudição: É a condição experimentada por uma pessoa que luta por um estado duradouro de contentamento e de estabilidade por meio da auto-reforma e do desenvolvimento próprio. Nesse estado, a pessoa dedica-se à criação de uma vida melhor, buscando idéias, conhecimentos e experiências de seus predecessores. A condição vivida por um cientista ao desenvolver pesquisas em busca de novas descobertas exemplifica esse estado. Absorção: É semelhante ao estado de Erudição, pois trata-se de uma condição em que a pessoa também busca a auto-reforma. Porém, não busca experiências com seus predecessores, consegue perceber os fenômenos da natureza sozinha. Os artistas e os filósofos vivem comumente nesse estado. Os estados de Erudição e Absorção são conhecidos como “Dois Veículos”, pois conduzem as pessoas para uma certa independência na vida por meio da percepção obtida da verdade parcial. Contudo, nos “Dois Veículos”, as pessoas ficam apegadas à percepção para o bem de si mesmas e não lutam para beneficiar os outros.”

O mundo de Bodhisattva é caracterizado pela benevolência com que uma pessoa vence as restrições do egoísmo e dedica-se incansavelmente pelo bem-estar dos outros. O budismo Mahayana, em particular, enfatiza o Bodhisattva como um ideal de comportamento humano.

COMENTAR: “Bodhisattva: A pessoa nesse estado manifesta uma vida plena de benevolência e sua característica é dedicar-se à felicidade de outras pessoas. Essa benevolência difere essencialmente do conceito de caridade ou compaixão, e sua definição exata é “retirar o sofrimento e dar felicidade”. A caridade e a compaixão podem aliviar o sofrimento, mas não conseguem retirá-lo e nem dar a felicidade. A principal característica das pessoas nesse estado é a busca constante do estado de Buda, ao mesmo tempo em que procuram ensinar esse caminho para que outras tornem-se capazes de manifestar a força inerente da vida para conquistarem a felicidade absoluta.”

O estado de Buda é a condição da mais perfeita e absoluta liberdade. Para uma pessoa que manifesta o estado de Buda tudo — incluindo os inevitáveis sofrimentos da doença, velhice e morte — pode ser vivenciado como uma oportunidade para seu desenvolvimento e realização. O estado de Buda inerente em uma pessoa manifesta-se por meio de ações altruísticas desenvolvidas no mundo de Bodhisattva.

COMENTAR:”Estado de Buda: Constitui-se de uma condição de vida em que a pessoa adquire sabedoria que lhe permite compreender a verdadeira essência da vida, manifestar a profunda benevolência para com todas as pessoas e ter a percepção sobre as três existências da vida e sobre a Lei básica do universo. É uma condição de felicidade absoluta que nada pode corromper. Da mesma forma que nenhum estado de vida é estático, o estado de Buda é experimentado no decurso das contínuas atividades altruísticas diárias. Portanto, não se deve considerar o estado de Buda como objetivo máximo a ser alcançado somente no final da vida.”

Esses quatro últimos estados de vida compõem os Quatro Nobres Caminhos. Cada mundo ou estado de vida contém os outros nove. Daishonin exemplifica esse fato da seguinte forma: “Mesmo um frio vilão ama sua esposa e filhos. Ele também tem o mundo de Bodhisattva em sua vida.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 58.) Dessa forma, o potencial para a sabedoria e ação iluminadas representadas pelo estado de Buda continuam a existir em uma pessoa ainda que sua vida seja dominada pelos estados inferiores — Inferno, Fome e Animalidade. O inverso também ocorre. O estado de Buda não existe separado dos outros nove mundos. Ao contrário, a sabedoria, a vitalidade e a coragem do estado de Buda podem mudar a tendência de uma pessoa para um determinado estado. Por exemplo, quando a Ira é direcionada pela benevolência dos estados de Buda ou de Bodhisattva, pode se tornar uma força para desafiar a injustiça e mudar a sociedade. Dessa forma, o propósito da prática budista é manifestar o estado de Buda capaz de iluminar nossa vida e nos possibilitar criar um valor duradouro em nossa eterna jornada pelos Dez Mundos.

COMENTAR:”Com a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e com a propagação do budismo, uma pessoa eleva cada vez mais sua condição de vida, fazendo com que o estado de Buda prevaleça e domine os demais estados, o que faz com que ela manifeste sabedoria para não ser arrastada pelas circunstâncias externas da vida. Quando almejamos o estado de Buda e oramos Daimoku para esse fim, adquirimos energia vital e começamos a elevar o estado de vida que nos encontramos e vencemos os limites dos baixos estados, que nos prendem em nosso mau carma. Assim, elevamos a forma de encarar a vida e agimos com sabedoria no dia-a-dia. O que era complicado se torna fácil de ser resolvido. Em meio às situações insustentáveis, descobrimos meios ou surgem efeitos de causas do passado que decisivamente mudam as circunstâncias negativas de nossa vida. Com isso, comprovamos que “não há oração sem resposta” e “não existe beco sem saída” com a prática do budismo. É infinitamente gratificante descobrir que o benefício não é “algo que vem de fora”, e sim está inerente em nossa vida. E a prática da fé possibilita sua manifestação. O budismo baseia-se na convicção do potencial ilimitado inerente ao ser humano, que pode transformar tudo. Esse infinito potencial é chamado de estado de Buda. Almejar estados de vida mais elevados é libertar esse potencial. Por essa razão, praticar o budismo é a mais elevada causa que gera os mais elevados benefícios. Este é o motivo básico da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e o motivo de encorajar outras pessoas a fazerem o mesmo.”



domingo, 23 de maio de 2010

As bases para atingir o estado de Buda

As bases para atingir o estado de Buda
(Brasil Seikyo, edição nº 2032, 24/04/2010, página B1.)

“O Sutra afirma: ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres’(1). (...) Antes de tudo, assegure-se de que está seguindo o mestre original para que possa atingir o estado de Buda.” (Terceira Civilização, edição no 493, setembro de 2009, pág. 51.)


Resumo e cenário histórico

Esta carta, também conhecida como “Resposta a Lorde Soya”, foi escrita por Nitiren Daishonin em 3 de agosto de 1276, aos 54 anos de idade, quando se encontrava no Monte Minobu. Presume-se que o recebedor foi Soya Jiro Hyoe-no-jo Kyoshin (1224-1291), um oficial da seção judicial do shogunato de Kamakura, que vivia na Vila Soya, na província de Shimosa, atual prefeitura de Tiba. Soya converteu-se aos ensinos de Daishonin por volta de 1260, tornando-se um dos seus principais seguidores, junto com Toki Jonin e Ota Jomyo. Ele recebeu sete cartas de Daishonin, a maior parte das quais explica princípios significativos do budismo. Ele se manteve fiel ao Budismo de Daishonin durante toda a vida.


Tópicos da explanação do Presidente Ikeda

A passagem “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres” descreve que o mestre e o discípulo têm se dedicado juntos, desde o remoto passado, ao mesmo e grandioso juramento de bodhisattva — conquistar a própria felicidade e a de outras pessoas.

Por ocasião da cerimônia de terceiro ano de falecimento (segundo, conforme a contagem ocidental) do professor Makiguti, em novembro de 1946, o Sr. Toda, segundo presidente da Soka Gakkai disse sobre seu mestre: “O senhor, com sua imensa benevolência, permitiu-me acompanhá-lo até o cárcere. Graças a isso, pude ler com todo o meu ser a passagem do Sutra de Lótus que diz: ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres’. O benefício que obtive foi a compreensão de minha existência passada como Bodhisattva da Terra e absorver com minha própria vida mesmo que uma pequena parcela do significado do Sutra. Poderia haver felicidade maior que esta?”

Tais palavras solenes do Sr. Toda ficaram gravadas em meu coração desde que as ouvi, pela primeira vez, na juventude. A gratidão que sinto por meu mestre é exatamente a mesma ainda hoje. Quem segue pelo caminho de mestre e discípulo desfruta um estado de vida indestrutível, imbuído das quatro nobres verdades — eternidade, felicidade, verdadeira identidade e pureza(2) —, em ritmo com a Lei Mística eterna. Este é um caminho de ilimitada alegria por cumprir a mais nobre missão que alguém possa ter na vida. Quero transmitir essa alegria infinita aos jovens.

O coração do Sutra de Lótus e do Budismo de Nitiren Daishonin reside em ser fiel ao juramento de conduzir os outros à iluminação, dedicando-nos juntos, sem cessar, pelo caminho de mestre e discípulo, pelas três existências — passado, presente e futuro. Por mais famosos ou bem-sucedidos que sejamos, sem um mestre, nossa vida será triste e solitária. Sem um mestre, a verdadeira vitória como seres humanos será ilusória. Possuir um mestre a quem possamos seguir por toda a vida é um dos maiores benefícios que poderíamos ter.

Em agosto de 1947, conheci meu mestre Jossei Toda, que mais tarde se tornaria o segundo presidente da Soka Gakkai. Naquele verão, aos 19 anos, tomei a decisão consciente de me tornar seu discípulo. Instintivamente, senti que podia confiar no Sr. Toda, que ele era a pessoa a quem devia adotar como mestre da vida. Com base nessa firme convicção, lancei-me a uma jornada ao lado dele, decidido a realizar uma revolução religiosa e assegurar a paz mundial duradoura. Até hoje continuo a me dedicar a essa jornada espiritual com a mesma paixão inicial.

Nesses cinquenta anos na liderança do Kossen-rufu mundial, após a morte do Sr. Toda [em abril de 1958], tenho aberto caminhos, derrubando todos os tipos de impedimentos, mantendo um permanente diálogo interior com meu mestre. Junto de vocês, meus companheiros de cada país, estabeleci as bases do Kossen-rufu mundial numa escala sem precedentes. Hoje, não tenho nada do que me arrepender. Triunfei em todas as frentes. Para mim, não há satisfação maior na vida do que poder relatar esses triunfos a meu mestre. Uma vida dedicada a concretizar os sonhos compartilhados com o mestre — eis o modo de vida mais significativo que existe. Quanto mais elevado for o ideal, mais valioso e duradouro será o legado para as gerações futuras.

O Budismo de Nitiren Daishonin nos brinda com a filosofia e a prática necessárias para termos contato com a sabedoria genuína, tanto em benefício próprio como para o bem dos demais. Sua força nos impele a assumir o desafio de vencer a dificuldade mais extrema e a jamais desistir. O que sustenta essa rede humana, a união de esforços dos praticantes é a relação de mestre e discípulo. Tal relação é a essência, o fator vital para a vitória nessa empreitada. Nesta carta, “As bases para atingir o estado de Buda”, Nitiren Daishonin descreve o coração de um verdadeiro mestre budista, revelando o próprio espírito abnegado de enfrentar quaisquer dificuldades para que a água da infinita sabedoria do Buda flua e irrigue “o solo árido da vida das pessoas que habitam o mundo maléfico dos Últimos Dias”.

Quem herdou diretamente esse legado e se empenhou pelo Kossen-rufu com a mesma intenção e postura de Daishonin foram os três primeiros presidentes da Soka Gakkai, unidos pelos laços de mestre e discípulo. Junto deles, os nobres membros da Soka Gakkai — e sobretudo os pioneiros do grupo Muitos Tesouros — têm proclamado séria e sinceramente o ensino budista correto de Nitiren Daishonin no mundo inteiro. Os membros da Soka Gakkai têm buscado ardentemente romper os espessos muros da escuridão fundamental, que tenta impedir a passagem da luz da natureza de Buda, e se dedicado a plantar as sementes da Lei Mística na vida das pessoas. Ninguém é mais forte do que os que lutam munidos com esse espírito invencível.

Essas pessoas se transformaram em indivíduos de caráter notável, merecedoras de total confiança, admiradas e respeitadas dentro e fora de nossa organização. Os mestres e os discípulos Soka triunfaram!

Palavras e Frases:

(1) “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres”: Passagem do 7o Capítulo do Sutra de Lótus, Parábola da Cidade Imaginária.

(2) Eternidade, felicidade, verdadeira identidade e pureza: Quatro nobres qualidades que descrevem a real natureza da vida do Buda, pura e eterna, capaz de manifestar a sua verdadeira identidade e a absoluta felicidade. Como todas as pessoas possuem a natureza do Buda, podem desenvolver estas quatro virtudes quando alcançam o estado de Buda.

Gongyo comemorativo

Companheiros do kossen rufu...

No próximo dia 25 (terça-feira) às 19h, acontecerá de forma extraordinária um Gongyokai no
Centro Cultural do Rio de Janeiro, alusivo aos 50 anos de posse do
Presidente Ikeda.

Nesta data nosso mestre receberá várias homenagens.

Não há necessidade de convite.

Solicitamos que informem os membros sobre essa atividade.

Abraços e uma maravilhosa semana a todos.

sábado, 22 de maio de 2010

Esho funi - Inseparabilidade da vida e seu ambiente

Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi): Conceitos gerais (1)
(Brasil Seikyo, edição nº 1624, 20/10/2001, página A6.)

Dentre os vários princípios expostos pelo budismo, existe também o esho funi, que elucida a íntima relação entre a vida e o meio ambiente.


Este conceito tem uma importância fundamental para entendermos as relações que estabelecemos ao longo da vida nos vários locais em que vivemos: família, trabalho, vizinhança, organização, enfim, na sociedade como um todo.

Para compreendermos melhor este princípio, podemos analisar a palavra esho funi da seguinte maneira:

Esho é a combinação das primeiras sílabas de e-ho e sho-ho. Sho-ho se refere ao sujeito, isto é, o ser dotado de vida, como por exemplo nós, seres humanos. E-ho se refere ao objeto que sustenta e possibilita a expressão da vida, isto é, o ambiente do ser vivo.

Funi significa dois fenômenos independentes, mas inseparáveis.

Assim, pelo seu próprio significado literal, o termo esho funi significa que a pessoa e seu ambiente são dois fenômenos independentes, porém unos em sua existência fundamental. Em outras palavras, a pessoa e seu ambiente formam uma vida única e completa, sendo que nenhuma pode existir separada da outra.

Na escritura “Os Presságios”, Nitiren Daishonin apresenta uma analogia que ilustra este conceito: “As dez direções são ‘ambiente’ (e-ho), e os seres sensíveis são ‘vida’ (sho-ho). O ambiente é como a sombra, e a vida, o corpo. Sem o corpo não pode haver sombra. Analogamente, sem a vida, o ambiente não pode existir, embora a vida seja sustentada pelo seu ambiente.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 186.)

Assim, seguindo este raciocínio, não pode haver vida sem um ambiente no qual ela possa se manifestar, assim como não é possível existir um ambiente sem vida nele. Por outro lado, com o exemplo do corpo e da sombra, Daishonin nos mostra a maneira correta de considerarmos as diversas circunstâncias que nos cerca no dia-a-dia, especialmente quando se quer transformá-las. É importante conscientizarmo-nos de que a mudança das condições que nos rodeiam passa obrigatoriamente pela nossa própria transformação. Conforme o exemplo citado por Daishonin, querer transformar o ambiente sem a mudança de si próprio é tão absurdo quanto à tentativa de endireitar uma sombra sem mexer o corpo.

Enfim, podemos compreender o fato inegável de que a pessoa e seu ambiente são inseparáveis. Contudo, o princípio de esho funi não se restringe apenas a uma simples explicação da relação inseparável entre os dois, mas vai muito além, elucidando de que forma a vida se manifesta no ambiente, dando suas características peculiares.


Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi) (2)
(Brasil Seikyo, edição nº 1625, 27/10/2001, página A5.)

Conforme publicado na edição anterior, o princípio de esho funi indica que uma pessoa e seu ambiente formam uma única e completa vida, ou seja, a vida não se restringe apenas aos aspectos físicos do corpo, mas se estende para o ambiente em que habita. Constitui-se de uma série de elementos que lhe dão característica única, manifestando diferentes aspectos e revelando sua individualidade nesse ambiente. Sob esse ponto de vista, não existem duas pessoas fisicamente iguais e com personalidades semelhantes.


A visão budista da vida embasada nos Três Princípios da Individualização (san seken) nos oferece melhor compreensão de como ela se manifesta no ambiente. Os Três Princípios da Individualização constituem-se dos cinco componentes da vida, do ambiente social e do ambiente natural.

Os cinco componentes da vida (go’on seken)

De acordo com a definição budista de Três Princípios da Individualização, uma pessoa é a “fusão temporária dos cinco componentes”:

1) Forma: corpo, ou seja, a constituição física do corpo e dos seus órgãos.
2) Percepção: função de perceber claramente as informações externas e gravá-las em sua mente.
3) Concepção: função de elaborar concepções mentais e idéias sobre algum objeto ou informação percebida.
4) Vontade (força que motiva a ação): desejo de desencadear alguma espécie de resposta a partir das concepções mentais criadas ou das idéias de algum objeto percebido, assim como a própria resposta.
5) Consciência: conjunto global do consciente de uma pessoa, ou seja, a entidade que substancia e ativa as outras quatro funções.

Em resumo, cada pessoa é uma integração temporária da forma, percepção, concepção, vontade e consciência. De maneira mais ilustrativa, podemos dizer que cada uma possui, antes de mais nada, uma forma, que é o corpo; percebe as coisas que acontecem ao redor, como por exemplo, ouve uma música e a registra na mente; forma então uma idéia (concepção) sobre o que percebeu, por exemplo considerando a música alegre ou triste; em seguida, manifesta o desejo de responder à idéia que formou, como dançando, cantando ou chorando, a partir da impressão que teve da música; e, por fim, adquiri uma consciência sobre a interação com o ambiente externo, por exemplo o impacto que a música teve sobre as emoções.

Os cinco componentes se manifestam ainda de diferentes maneiras, de acordo com o estado de vida de uma pessoa. No livro “Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa”, o presidente Ikeda cita o seguinte exemplo: “Tanto a mulher vietnamita como o homem doente se encontram no estado de Inferno, no entanto não se identificam um com o outro, pois tanto as circunstâncias particulares como a personalidade individual de cada um são distintas.” (Pág. 173.) Portanto, a vida de ambos, embora na mesma condição de vida (Inferno), se manifesta de diferente forma.

Assim, podemos entender que a integração dos cinco componentes, somados aos Dez Estados de Vida é o que torna cada pessoa única, tanto física como espiritualmente, e forma sua personalidade.


Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi) (3)
(Brasil Seikyo, edição nº 1626, 03/11/2001, página A6.)

Apresentaremos a seguir a visão dos ambientes social e natural embasada nos Três Princípios da Individualização. Na edição anterior, vimos que os cinco componentes da vida se expressam de diferentes formas, de acordo com o estado de vida de uma pessoa. Simultaneamente, os seres vivos mostram diferenças entre si de acordo com seu ambiente social e natural.


Ambiente social (shujo seken)

Conhecido também como o “mundo dos seres vivos”, refere-se ao relacionamento constante e de mútua influência entre todos os seres vivos. Em outras palavras, “ambiente social” indica que nenhum ser vivo pode viver totalmente isolado dos outros. Como ser humano, o “ambiente social” indica que vivemos a vida conjuntamente com outras pessoas.

Ambiente natural (kokudo seken)

O ambiente natural é o lugar onde os seres vivos habitam e do qual dependem para desenvolverem suas atividades vitais. Eles jamais podem viver isolados desse ambiente, pois é a essência de sua existência.

O “ambiente natural” não se refere apenas ao local físico, mas sim à condição do local, que, na verdade, é o reflexo da vida das pessoas que o habitam. Sobre isso, o presidente Ikeda cita: “Cada vida é individual e, enquanto se manifesta neste mundo, uma particular existência simultaneamente configura um meio ambiente com o qual seja compatível. Para ver a verdade disso basta olhar as circunvizinhanças de uma pessoa particular, pois, nesse meio, podemos distinguir claramente todas as inclinações e características de sua vida. Se tentarmos imaginar um ser humano sem meio ambiente, estaremos falando de nada, configurando-o miticamente. Na medida em que a vida estende sua influência à circunvizinhança, o meio ambiente automaticamente muda de acordo com a condição da vida. Então, o meio ambiente — que é um reflexo da vida interior dos seus habitantes — sempre adquire as características dos que nele existem.” (Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, Editora Record, pág. 173.)

Em resumo, um ser vivo nasce (fusão dos cincos componentes), cresce e se desenvolve a partir da sua relação com o mundo a sua volta, constituído pelos seus pais, amigos, professores etc. (ambiente social). Esta interação com o mundo ao seu redor se dá num determinado ambiente, seja em casa, na escola, no trabalho ou na comunidade (ambiente natural).

Do ponto de vista de esho funi, os cinco componentes da vida constituem o sho-ho, que é o sujeito; os ambientes social e natural formam o e-ho, que é o ambiente. Os Três Princípios da Individualização fazem parte do itinen sanzen (Três Mil Mundos num Único Momento da Vida), que representa a vida integral de um ser.

Portanto, os cinco componentes da vida e os ambientes social e natural estão contidos dentro do próprio ser vivo. Desta forma, o conceito budista da vida revela a realidade que inclui tanto o sho-ho (sujeito) como o e-ho (ambiente) que são, portanto, unos e inseparáveis.


Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi) (4)
(Brasil Seikyo, edição nº 1627, 10/11/2001, página A6.)

Enfim, entendendo o princípio budista de esho funi, compreendemos que as relações que estabelecemos com as pessoas, o local onde nos encontramos e vivemos, ou seja, tudo que se manifesta no nosso dia-a-dia está relacionado com o nosso estado de vida. Portanto, se hoje desfrutamos de um lar harmonioso e um bom ambiente de trabalho, ou se vivemos relações conflitantes, num ambiente permeado pelo ódio, trapaças e inveja, somos responsáveis por isso, pois tanto a felicidade como o sofrimento estão contidos em nossa vida.


Discorrendo sobre esse conceito, o presidente Ikeda afirmou: “Um trecho em ‘Ensinamentos Secretos em Três Partes’ nos diz o seguinte: ‘O Inferno é uma habitação de ferro em brasa e Fome é o lugar quinhentos yujun abaixo do mundo humano.’ De um lado, isto exprime graficamente a agonia do ambiente do Inferno: um estado no qual os seres vivos são privados dos seus desejos e do seu direito de viver. De outro, nos lembra de que o domicílio de uma pessoa no estado de Fome — quer dizer, uma situação em que os desejos instintivos não podem ser satisfeitos — fica a uma grande distância do mundo apropriado aos seres humanos. É como se essa pessoa estivesse confinada no fundo de um poço e não pudesse obter comida ou água.” (Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, Editora Record, págs. 173-174.)

E na escritura “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, Nitiren Daishonin declara: “Se o senhor profere o nome do Buda, recita o sutra, ou simplesmente oferece flores e incenso, todos esses atos virtuosos implantarão benefícios e raízes de benevolência em sua vida. Com essa convicção o senhor deve se empenhar na fé. O sutra Vimalakirti declara que, quando se busca a condição de absoluta liberdade do Buda na mente dos mortais comuns, descobrirá que eles são entidades da iluminação, e que os sofrimentos do nascimento e da morte são nirvana. Também afirma que se a mente das pessoas é impura, sua terra será igualmente impura. Mas se sua mente é pura, assim será sua terra. Portanto, não há duas terras, pura e impura ao mesmo tempo. A diferença reside unicamente na mente boa ou má das pessoas.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 3.)

Segundo a filosofia de Nitiren Daishonin, a prática budista nos capacita a atingir o estado de Buda, a mais alta condição de vida. Manifestar o estado de Buda é construir uma condição de vida sólida, capaz de influenciar positivamente todo o ambiente em que vivemos. Isso é enfatizado claramente pelo presidente Ikeda na passagem a seguir: “Uma pessoa que atinge o estado de Buda é igual ao átomo que detona uma reação físsil. Sua força vital é pura e profusa e causa notáveis mudanças no âmago de outras vidas. Como a grama que começa a ressecar, mas que pode ser restaurada com uma boa chuva, ou como uma caravana é revitalizada pela água fresca ao chegar a um oásis, os indivíduos e seus ambientes podem ser infundidos do poder e da alegria de viver quando descobrem a força vital do estado de Buda.”(Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, págs. 177-178.)