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sábado, 14 de agosto de 2010

Os dez estados de vida ou os dez mundos

Os dez estados de vida ou os dez mundos

O budismo tem como foco principal a vida. A cada momento experimentamos alegrias e sofrimentos. Por essa razão o conceito dos Dez Mundos consiste num dos mais importantes princípios no budismo. Eles são interpretados como condições potenciais de vida inerentes a cada indivíduo. As mesmas condições experimentadas por uma pessoa numa situação constante de miséria podem ser uma fonte de desafio e satisfação para uma outra. Fortalecer nosso estado interior de forma a resistirmos e até mesmo transformarmos as condições mais difíceis e adversas é o propósito da prática budista.

COMENTAR:

“Os diversos estados de vida, ou reações da vida que se manifestam em resposta às ações externas, foram escalonados em dez categorias básicas: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda. Esses estados não são condições fixas em que uma pessoa terá de viver por toda sua existência, mas condições fundamentais que existem de forma latente na vida de todos, sejam budistas ou não. Os Dez Estados da Vida não se manifestam numa seqüência do mais baixo ao mais elevado, como se subíssemos uma escada. Em função dos fatores externos e de sua intensidade, subitamente, podemos sair do estado de Alegria para o estado de Inferno, por exemplo, ou vice-versa. Portanto, esses estados não são sentimentos meramente emocionais, espirituais ou físicos. Eles estão latentes na vida e manifestam-se no interior de uma pessoa como uma reação imediata e diretamente proporcional às influências externas, negativas ou positivas.”

Com base no Sutra de Lótus, Tient’ai, um erudito budista chinês do século VI, desenvolveu um conceito que classifica a experiência humana em dez estados, ou “mundos”. Seu ensino dos “Dez Mundos” foi adotado e aprofundado por Nitiren Daishonin que ressaltou a natureza subjetiva e interior desses mundos. Daishonin afirmou a esse respeito: “Considerando a questão de onde estão o Inferno e o Buda, um sutra diz que o Inferno está debaixo da terra, enquanto outro diz que o Buda está no oeste. Entretanto, um pensamento mais cuidadoso esclarecerá que ambos existem em nós próprios.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 413.)

COMENTAR: “Costuma-se também classificar os Dez Estados da Vida agrupando-os em função de suas características, conforme breve descrição a seguir: Três e Quatro Maus Caminhos: Os três estados inferiores — Inferno, Fome e Animalidade — são conhecidos como Três Maus Caminhos; e, juntamente com o estado de Ira, constituem os Quatro Maus Caminhos. São estados de vida que se caracterizam pelo sofrimento em conseqüência do mau carma acumulado pelas pessoas. Ciclo dos Seis Caminhos: Os seis estados constituídos pelos Quatro Maus Caminhos e acrescidos dos estados de Tranqüilidade e de Alegria formam o Ciclo dos Seis Caminhos. Na vida diária, as pessoas manifestam esses seis estados em função de influências externas e são arrastadas por elas, não conseguindo manter autocontrole sobre as circunstâncias de sua vida. Dois Veículos: São os estados de Erudição e de Absorção, nos quais as pessoas conquistam uma certa independência na vida por meio da percepção obtida da verdade parcial. Entretanto, as pessoas nos Dois Veículos ficam apegadas à percepção apenas para o bem de si mesma e não se dedicam à felicidade dos outros. Quatro Nobres Caminhos: Os Dois Veículos — Erudição e Absorção — acrescidos pelos estados de Bodhisattva e Buda, formam os Quatro Nobre Caminhos, que são os quatro estados de vida superiores. São condições de vida alcançadas pelos esforços desenvolvidos pelas próprias pessoas quando conseguem se libertar do domínio negativo.

Ordenados do menos ao mais desejável, os Dez Mundos são:

Infernouma condição de desespero na qual uma pessoa é completamente dominada pelo sofrimento;

COMENTAR: “É a condição de vida mais baixa dentre os dez estados. Nele, a pessoa vive em um sofrimento constante em que não tem forças para influenciar suas circunstâncias de vida, nem esperanças com relação ao futuro; não pode fazer nada do que gostaria, nem mesmo desabafar suas angústias.”

Fome uma condição de vida em que uma pessoa é dominada pelos desejos ilusórios que jamais podem ser satisfeitos;

COMENTAR: “É caracterizado pela obsessão de realizar os desejos e pela incapacidade de satisfazê-los. Nesse estado, as pessoas são completamente dominadas e controladas por desejos insaciáveis e terríveis insatisfações. São infelizes e impedidas de se desenvolverem e prosperarem.”

Animalidade — um estado instintivo no qual teme-se o forte e oprime-se o fraco;

COMENTAR: “É um estado de vida em que as pessoas são conduzidas unicamente pelos instintos, agem compulsivamente com irracionalidade e sem moralidade. O fundamental de suas ações é aproveitar-se dos mais fracos e bajular os mais fortes. As pessoas nesse estado perdem o sentido da razão e suas emoções são facilmente dominadas pelo medo e pela covardia. Além disso, não conseguem encontrar soluções nem esperanças e resignam-se diante do destino.”

Ira — um estado caracterizado por uma irresistível necessidade de superar e dominar outros e geralmente dissimulado por uma aparente bondade e sabedoria.

COMENTAR: “É o quarto estado de vida que, associado aos Três Maus Caminhos, formam os Quatro Maus Caminhos. Nesse estado, as pessoas possuem consciência de seus atos, embora embasadas em pontos de vista distorcidos do certo e do errado, enquanto nos Três Maus Caminhos elas não têm controle sobre a vida, pois são completamente dominadas pelos desejos. No estado de Ira, as pessoas preocupam-se única e exclusivamente consigo mesmas, com seus próprios benefícios, pouco se importando com os demais ou com seus pontos de vista. São conduzidas pelo egoísmo e pela ambição de ser superior, derrubando outras pessoas.”

Esses quatro estados são referidos como os Quatro Maus Caminhos por causa da negatividade destrutiva que os caracteriza.

COMENTAR: “As pessoas nesses quatro estados carecem de energia vital e não respeitam outros pontos de vista, procurando sempre satisfazer seus próprios desejos vorazes. São completamente destituídas de uma visão mais elevada, por isso, resolvem as questões à sua própria maneira, invariavelmente gerando mais causas negativas na vida que, por sua vez, resultam em efeitos negativos na forma de sofrimentos. Esse ciclo se repete constantemente, aprisionando a pessoa no seu mau carma. As pessoas que vivem nos Quatro Maus Caminhos não possuem uma visão de vida melhor. São conformistas por natureza e acham que a vida é somente da forma como vivem. Por isso, mergulhadas no egoísmo, são destituídas de qualquer sentimento altruísta de contribuir de alguma forma para a felicidade de outros.

Além desses, ainda há:

o estado de Tranqüilidade, caracterizado pela capacidade de raciocínio e de fazer julgamentos. Apesar de ser uma condição de vida básica que nos identifica como seres humanos, pode também representar um frágil equilíbrio que leva uma pessoa a um estado inferior quando confrontada com situações negativas;

COMENTAR:” Os Quatro Maus Caminhos acrescidos dos estados de Tranqüilidade e Alegria constituem os Seis Caminhos, que se caracterizam basicamente pela busca da satisfação dos desejos pessoais. Tranqüilidade: É uma condição em que a pessoa pode controlar temporariamente seus impulsos e desejos com a razão. Assim, passa a ter a vida tranqüila e em harmonia com o ambiente em que vive. Não considera os problemas como ameaça a sua aparente estabilidade. As energias da vida estão sob considerável controle, imbuídas do desejo de viver em meio à afeição de parentes e amigos e em paz com seus próprios conceitos de moral e ética. Porém, pode cair instantaneamente nos “Três ou Quatro Maus Caminhos” pelo mais leve desvio ocorrido em suas circunstâncias de vida. De toda forma, Tranqüilidade é o estado normal dos seres humanos e é conhecido também como o estado de Humanidade.”

e o estado de Alegria, experimentado geralmente quando os desejos são satisfeitos ou quando os sofrimentos são amenizados.

COMENTAR: ”Alegria: É uma condição de vida de contentamento que se origina da concretização dos desejos e da solução dos problemas. Portanto, é um estado comumente almejado pelas pessoas como sendo de plena felicidade. As situações da vida, tais como: aquisição de nova casa, ingresso em universidade, casamento, jantar em um restaurante de primeira categoria, aprovação em bom emprego, solução de um problema de saúde, e muitas outras, representam naturalmente um momento de muita felicidade. Porém, como este estado está diretamente associado a uma determinada realização, como por exemplo a conquista de um bem material ou posição social, a felicidade é apenas relativa. Em outras palavras, a alegria desse estado é efêmera e desaparece com o passar do tempo ou com a mudança das circunstâncias”.

Esses mundos são também classificados como os Seis Caminhos Inferiores. Todos eles dependem das circunstâncias externas para se manifestarem e por essa razão não podemos dizer que as pessoas nesses estados de vida desfrutam a verdadeira liberdade ou autonomia.

COMENTAR:” A maioria das pessoas encontra-se nos Seis Caminhos, vivendo de acordo com suas próprias visões de vida. Não conseguem cultivar a benevolência de lutar pelo bem de outras e não possuem consciência da missão essencial como ser humano. Como cada um desses seis estados manifesta-se de acordo com as causas externas, as pessoas vivem aprisionadas e em completa dependência das circunstâncias. Essa é a característica principal dos Seis Caminhos. São estados em que as pessoas são arrastadas exclusivamente pelas influências externas, ficando privadas da liberdade de manter autocontrole sobre as circunstâncias de sua vida. Por esta razão, costuma-se dizer que as pessoas vivem diariamente nos Seis Caminhos.”

O mundo de Erudição descreve uma condição de aspiração à iluminação. O mundo de Absorção indica a capacidade de perceber por si só a verdadeira natureza de todos os fenômenos. Juntos, eles são conhecidos como Dois Veículos. As pessoas que manifestam esses dois estados são parcialmente iluminadas e estão livres de alguns desejos ilusórios. Mas aqueles que se encontram nesses mundos podem ficar presas às suas visões e em alguns textos budistas o Buda adverte as pessoas dos Dois Veículos por seu egoísmo.

COMENTAR:” Os quatro estados de vida mais elevados — Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda — formam os “Quatro Nobres Caminhos”. Erudição: É a condição experimentada por uma pessoa que luta por um estado duradouro de contentamento e de estabilidade por meio da auto-reforma e do desenvolvimento próprio. Nesse estado, a pessoa dedica-se à criação de uma vida melhor, buscando idéias, conhecimentos e experiências de seus predecessores. A condição vivida por um cientista ao desenvolver pesquisas em busca de novas descobertas exemplifica esse estado. Absorção: É semelhante ao estado de Erudição, pois trata-se de uma condição em que a pessoa também busca a auto-reforma. Porém, não busca experiências com seus predecessores, consegue perceber os fenômenos da natureza sozinha. Os artistas e os filósofos vivem comumente nesse estado. Os estados de Erudição e Absorção são conhecidos como “Dois Veículos”, pois conduzem as pessoas para uma certa independência na vida por meio da percepção obtida da verdade parcial. Contudo, nos “Dois Veículos”, as pessoas ficam apegadas à percepção para o bem de si mesmas e não lutam para beneficiar os outros.”

O mundo de Bodhisattva é caracterizado pela benevolência com que uma pessoa vence as restrições do egoísmo e dedica-se incansavelmente pelo bem-estar dos outros. O budismo Mahayana, em particular, enfatiza o Bodhisattva como um ideal de comportamento humano.

COMENTAR: “Bodhisattva: A pessoa nesse estado manifesta uma vida plena de benevolência e sua característica é dedicar-se à felicidade de outras pessoas. Essa benevolência difere essencialmente do conceito de caridade ou compaixão, e sua definição exata é “retirar o sofrimento e dar felicidade”. A caridade e a compaixão podem aliviar o sofrimento, mas não conseguem retirá-lo e nem dar a felicidade. A principal característica das pessoas nesse estado é a busca constante do estado de Buda, ao mesmo tempo em que procuram ensinar esse caminho para que outras tornem-se capazes de manifestar a força inerente da vida para conquistarem a felicidade absoluta.”

O estado de Buda é a condição da mais perfeita e absoluta liberdade. Para uma pessoa que manifesta o estado de Buda tudo — incluindo os inevitáveis sofrimentos da doença, velhice e morte — pode ser vivenciado como uma oportunidade para seu desenvolvimento e realização. O estado de Buda inerente em uma pessoa manifesta-se por meio de ações altruísticas desenvolvidas no mundo de Bodhisattva.

COMENTAR:”Estado de Buda: Constitui-se de uma condição de vida em que a pessoa adquire sabedoria que lhe permite compreender a verdadeira essência da vida, manifestar a profunda benevolência para com todas as pessoas e ter a percepção sobre as três existências da vida e sobre a Lei básica do universo. É uma condição de felicidade absoluta que nada pode corromper. Da mesma forma que nenhum estado de vida é estático, o estado de Buda é experimentado no decurso das contínuas atividades altruísticas diárias. Portanto, não se deve considerar o estado de Buda como objetivo máximo a ser alcançado somente no final da vida.”

Esses quatro últimos estados de vida compõem os Quatro Nobres Caminhos. Cada mundo ou estado de vida contém os outros nove. Daishonin exemplifica esse fato da seguinte forma: “Mesmo um frio vilão ama sua esposa e filhos. Ele também tem o mundo de Bodhisattva em sua vida.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 58.) Dessa forma, o potencial para a sabedoria e ação iluminadas representadas pelo estado de Buda continuam a existir em uma pessoa ainda que sua vida seja dominada pelos estados inferiores — Inferno, Fome e Animalidade. O inverso também ocorre. O estado de Buda não existe separado dos outros nove mundos. Ao contrário, a sabedoria, a vitalidade e a coragem do estado de Buda podem mudar a tendência de uma pessoa para um determinado estado. Por exemplo, quando a Ira é direcionada pela benevolência dos estados de Buda ou de Bodhisattva, pode se tornar uma força para desafiar a injustiça e mudar a sociedade. Dessa forma, o propósito da prática budista é manifestar o estado de Buda capaz de iluminar nossa vida e nos possibilitar criar um valor duradouro em nossa eterna jornada pelos Dez Mundos.

COMENTAR:”Com a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e com a propagação do budismo, uma pessoa eleva cada vez mais sua condição de vida, fazendo com que o estado de Buda prevaleça e domine os demais estados, o que faz com que ela manifeste sabedoria para não ser arrastada pelas circunstâncias externas da vida. Quando almejamos o estado de Buda e oramos Daimoku para esse fim, adquirimos energia vital e começamos a elevar o estado de vida que nos encontramos e vencemos os limites dos baixos estados, que nos prendem em nosso mau carma. Assim, elevamos a forma de encarar a vida e agimos com sabedoria no dia-a-dia. O que era complicado se torna fácil de ser resolvido. Em meio às situações insustentáveis, descobrimos meios ou surgem efeitos de causas do passado que decisivamente mudam as circunstâncias negativas de nossa vida. Com isso, comprovamos que “não há oração sem resposta” e “não existe beco sem saída” com a prática do budismo. É infinitamente gratificante descobrir que o benefício não é “algo que vem de fora”, e sim está inerente em nossa vida. E a prática da fé possibilita sua manifestação. O budismo baseia-se na convicção do potencial ilimitado inerente ao ser humano, que pode transformar tudo. Esse infinito potencial é chamado de estado de Buda. Almejar estados de vida mais elevados é libertar esse potencial. Por essa razão, praticar o budismo é a mais elevada causa que gera os mais elevados benefícios. Este é o motivo básico da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e o motivo de encorajar outras pessoas a fazerem o mesmo.”



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