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sábado, 22 de maio de 2010

Esho funi - Inseparabilidade da vida e seu ambiente

Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi): Conceitos gerais (1)
(Brasil Seikyo, edição nº 1624, 20/10/2001, página A6.)

Dentre os vários princípios expostos pelo budismo, existe também o esho funi, que elucida a íntima relação entre a vida e o meio ambiente.


Este conceito tem uma importância fundamental para entendermos as relações que estabelecemos ao longo da vida nos vários locais em que vivemos: família, trabalho, vizinhança, organização, enfim, na sociedade como um todo.

Para compreendermos melhor este princípio, podemos analisar a palavra esho funi da seguinte maneira:

Esho é a combinação das primeiras sílabas de e-ho e sho-ho. Sho-ho se refere ao sujeito, isto é, o ser dotado de vida, como por exemplo nós, seres humanos. E-ho se refere ao objeto que sustenta e possibilita a expressão da vida, isto é, o ambiente do ser vivo.

Funi significa dois fenômenos independentes, mas inseparáveis.

Assim, pelo seu próprio significado literal, o termo esho funi significa que a pessoa e seu ambiente são dois fenômenos independentes, porém unos em sua existência fundamental. Em outras palavras, a pessoa e seu ambiente formam uma vida única e completa, sendo que nenhuma pode existir separada da outra.

Na escritura “Os Presságios”, Nitiren Daishonin apresenta uma analogia que ilustra este conceito: “As dez direções são ‘ambiente’ (e-ho), e os seres sensíveis são ‘vida’ (sho-ho). O ambiente é como a sombra, e a vida, o corpo. Sem o corpo não pode haver sombra. Analogamente, sem a vida, o ambiente não pode existir, embora a vida seja sustentada pelo seu ambiente.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 186.)

Assim, seguindo este raciocínio, não pode haver vida sem um ambiente no qual ela possa se manifestar, assim como não é possível existir um ambiente sem vida nele. Por outro lado, com o exemplo do corpo e da sombra, Daishonin nos mostra a maneira correta de considerarmos as diversas circunstâncias que nos cerca no dia-a-dia, especialmente quando se quer transformá-las. É importante conscientizarmo-nos de que a mudança das condições que nos rodeiam passa obrigatoriamente pela nossa própria transformação. Conforme o exemplo citado por Daishonin, querer transformar o ambiente sem a mudança de si próprio é tão absurdo quanto à tentativa de endireitar uma sombra sem mexer o corpo.

Enfim, podemos compreender o fato inegável de que a pessoa e seu ambiente são inseparáveis. Contudo, o princípio de esho funi não se restringe apenas a uma simples explicação da relação inseparável entre os dois, mas vai muito além, elucidando de que forma a vida se manifesta no ambiente, dando suas características peculiares.


Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi) (2)
(Brasil Seikyo, edição nº 1625, 27/10/2001, página A5.)

Conforme publicado na edição anterior, o princípio de esho funi indica que uma pessoa e seu ambiente formam uma única e completa vida, ou seja, a vida não se restringe apenas aos aspectos físicos do corpo, mas se estende para o ambiente em que habita. Constitui-se de uma série de elementos que lhe dão característica única, manifestando diferentes aspectos e revelando sua individualidade nesse ambiente. Sob esse ponto de vista, não existem duas pessoas fisicamente iguais e com personalidades semelhantes.


A visão budista da vida embasada nos Três Princípios da Individualização (san seken) nos oferece melhor compreensão de como ela se manifesta no ambiente. Os Três Princípios da Individualização constituem-se dos cinco componentes da vida, do ambiente social e do ambiente natural.

Os cinco componentes da vida (go’on seken)

De acordo com a definição budista de Três Princípios da Individualização, uma pessoa é a “fusão temporária dos cinco componentes”:

1) Forma: corpo, ou seja, a constituição física do corpo e dos seus órgãos.
2) Percepção: função de perceber claramente as informações externas e gravá-las em sua mente.
3) Concepção: função de elaborar concepções mentais e idéias sobre algum objeto ou informação percebida.
4) Vontade (força que motiva a ação): desejo de desencadear alguma espécie de resposta a partir das concepções mentais criadas ou das idéias de algum objeto percebido, assim como a própria resposta.
5) Consciência: conjunto global do consciente de uma pessoa, ou seja, a entidade que substancia e ativa as outras quatro funções.

Em resumo, cada pessoa é uma integração temporária da forma, percepção, concepção, vontade e consciência. De maneira mais ilustrativa, podemos dizer que cada uma possui, antes de mais nada, uma forma, que é o corpo; percebe as coisas que acontecem ao redor, como por exemplo, ouve uma música e a registra na mente; forma então uma idéia (concepção) sobre o que percebeu, por exemplo considerando a música alegre ou triste; em seguida, manifesta o desejo de responder à idéia que formou, como dançando, cantando ou chorando, a partir da impressão que teve da música; e, por fim, adquiri uma consciência sobre a interação com o ambiente externo, por exemplo o impacto que a música teve sobre as emoções.

Os cinco componentes se manifestam ainda de diferentes maneiras, de acordo com o estado de vida de uma pessoa. No livro “Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa”, o presidente Ikeda cita o seguinte exemplo: “Tanto a mulher vietnamita como o homem doente se encontram no estado de Inferno, no entanto não se identificam um com o outro, pois tanto as circunstâncias particulares como a personalidade individual de cada um são distintas.” (Pág. 173.) Portanto, a vida de ambos, embora na mesma condição de vida (Inferno), se manifesta de diferente forma.

Assim, podemos entender que a integração dos cinco componentes, somados aos Dez Estados de Vida é o que torna cada pessoa única, tanto física como espiritualmente, e forma sua personalidade.


Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi) (3)
(Brasil Seikyo, edição nº 1626, 03/11/2001, página A6.)

Apresentaremos a seguir a visão dos ambientes social e natural embasada nos Três Princípios da Individualização. Na edição anterior, vimos que os cinco componentes da vida se expressam de diferentes formas, de acordo com o estado de vida de uma pessoa. Simultaneamente, os seres vivos mostram diferenças entre si de acordo com seu ambiente social e natural.


Ambiente social (shujo seken)

Conhecido também como o “mundo dos seres vivos”, refere-se ao relacionamento constante e de mútua influência entre todos os seres vivos. Em outras palavras, “ambiente social” indica que nenhum ser vivo pode viver totalmente isolado dos outros. Como ser humano, o “ambiente social” indica que vivemos a vida conjuntamente com outras pessoas.

Ambiente natural (kokudo seken)

O ambiente natural é o lugar onde os seres vivos habitam e do qual dependem para desenvolverem suas atividades vitais. Eles jamais podem viver isolados desse ambiente, pois é a essência de sua existência.

O “ambiente natural” não se refere apenas ao local físico, mas sim à condição do local, que, na verdade, é o reflexo da vida das pessoas que o habitam. Sobre isso, o presidente Ikeda cita: “Cada vida é individual e, enquanto se manifesta neste mundo, uma particular existência simultaneamente configura um meio ambiente com o qual seja compatível. Para ver a verdade disso basta olhar as circunvizinhanças de uma pessoa particular, pois, nesse meio, podemos distinguir claramente todas as inclinações e características de sua vida. Se tentarmos imaginar um ser humano sem meio ambiente, estaremos falando de nada, configurando-o miticamente. Na medida em que a vida estende sua influência à circunvizinhança, o meio ambiente automaticamente muda de acordo com a condição da vida. Então, o meio ambiente — que é um reflexo da vida interior dos seus habitantes — sempre adquire as características dos que nele existem.” (Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, Editora Record, pág. 173.)

Em resumo, um ser vivo nasce (fusão dos cincos componentes), cresce e se desenvolve a partir da sua relação com o mundo a sua volta, constituído pelos seus pais, amigos, professores etc. (ambiente social). Esta interação com o mundo ao seu redor se dá num determinado ambiente, seja em casa, na escola, no trabalho ou na comunidade (ambiente natural).

Do ponto de vista de esho funi, os cinco componentes da vida constituem o sho-ho, que é o sujeito; os ambientes social e natural formam o e-ho, que é o ambiente. Os Três Princípios da Individualização fazem parte do itinen sanzen (Três Mil Mundos num Único Momento da Vida), que representa a vida integral de um ser.

Portanto, os cinco componentes da vida e os ambientes social e natural estão contidos dentro do próprio ser vivo. Desta forma, o conceito budista da vida revela a realidade que inclui tanto o sho-ho (sujeito) como o e-ho (ambiente) que são, portanto, unos e inseparáveis.


Inseparabilidade da vida e seu ambiente (esho funi) (4)
(Brasil Seikyo, edição nº 1627, 10/11/2001, página A6.)

Enfim, entendendo o princípio budista de esho funi, compreendemos que as relações que estabelecemos com as pessoas, o local onde nos encontramos e vivemos, ou seja, tudo que se manifesta no nosso dia-a-dia está relacionado com o nosso estado de vida. Portanto, se hoje desfrutamos de um lar harmonioso e um bom ambiente de trabalho, ou se vivemos relações conflitantes, num ambiente permeado pelo ódio, trapaças e inveja, somos responsáveis por isso, pois tanto a felicidade como o sofrimento estão contidos em nossa vida.


Discorrendo sobre esse conceito, o presidente Ikeda afirmou: “Um trecho em ‘Ensinamentos Secretos em Três Partes’ nos diz o seguinte: ‘O Inferno é uma habitação de ferro em brasa e Fome é o lugar quinhentos yujun abaixo do mundo humano.’ De um lado, isto exprime graficamente a agonia do ambiente do Inferno: um estado no qual os seres vivos são privados dos seus desejos e do seu direito de viver. De outro, nos lembra de que o domicílio de uma pessoa no estado de Fome — quer dizer, uma situação em que os desejos instintivos não podem ser satisfeitos — fica a uma grande distância do mundo apropriado aos seres humanos. É como se essa pessoa estivesse confinada no fundo de um poço e não pudesse obter comida ou água.” (Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, Editora Record, págs. 173-174.)

E na escritura “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, Nitiren Daishonin declara: “Se o senhor profere o nome do Buda, recita o sutra, ou simplesmente oferece flores e incenso, todos esses atos virtuosos implantarão benefícios e raízes de benevolência em sua vida. Com essa convicção o senhor deve se empenhar na fé. O sutra Vimalakirti declara que, quando se busca a condição de absoluta liberdade do Buda na mente dos mortais comuns, descobrirá que eles são entidades da iluminação, e que os sofrimentos do nascimento e da morte são nirvana. Também afirma que se a mente das pessoas é impura, sua terra será igualmente impura. Mas se sua mente é pura, assim será sua terra. Portanto, não há duas terras, pura e impura ao mesmo tempo. A diferença reside unicamente na mente boa ou má das pessoas.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 3.)

Segundo a filosofia de Nitiren Daishonin, a prática budista nos capacita a atingir o estado de Buda, a mais alta condição de vida. Manifestar o estado de Buda é construir uma condição de vida sólida, capaz de influenciar positivamente todo o ambiente em que vivemos. Isso é enfatizado claramente pelo presidente Ikeda na passagem a seguir: “Uma pessoa que atinge o estado de Buda é igual ao átomo que detona uma reação físsil. Sua força vital é pura e profusa e causa notáveis mudanças no âmago de outras vidas. Como a grama que começa a ressecar, mas que pode ser restaurada com uma boa chuva, ou como uma caravana é revitalizada pela água fresca ao chegar a um oásis, os indivíduos e seus ambientes podem ser infundidos do poder e da alegria de viver quando descobrem a força vital do estado de Buda.”(Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, págs. 177-178.)

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